sexta-feira, 17 de julho de 2009

MODINHA DO EMPREGADO DE BANCO, de Murilo Mendes






Eu sou triste como um prático de farmácia,

sou quase tão triste como um homem que usa costeletas.

Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher

mas só ouço o tectec das máquinas de escrever.


Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.

Quantas meninas pela vida afora!

E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.

Se eu tivesse estes contos punha a andar

a roda da imaginação nos caminhos do mundo.


E os fregueses do Banco

que não fazem nada com estes contos!

Chocam outros contos para não fazerem nada com eles.


Também se o diretor tivesse a minha imaginação

o Banco já não existiria mais

e eu estaria noutro lugar.


(Ilustração: Victor Arruda)


2 comentários:

  1. Respostas
    1. alguem me ajuda? tenho que interpretar este poema mais nao entendi oque ele quer passar!

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