segunda-feira, 27 de julho de 2009

CASTIGO, de Agostina Akemi Sasaoka











Desencaixo-me displicente.

Esvaziei-me, enfim.

Teu corpo

ainda queima,

tua mão ainda afaga.

Jamais

o prazer fora tão perverso.

Escondo meus lábios

atrás do batom.

Teus olhos

- canibais marinhos -

começam a se desfazer.

Não consigo te acompanhar.

És tão tolo...

Ainda me engasgo

com um último orgasmo.

Venci.

Sou aquela

que pela primeira vez

amas.

Mas a noite se esvai.

Sei que vais me tocar:

deixarei?

Não quero me amarrotar.

Tua boca me implora,

só que as estrelas se apagaram.

Vou-me embora

para nunca mais...

Se fosse amor,

não acabaria.




(A Garganta da Serpente, site)




(Ilustração: Adrian Gottlieb - into my own)




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