segunda-feira, 7 de junho de 2010

CHUVA DE CAJU, de Joaquim Cardozo












Como te chamas, pequena chuva inconstante e breve?

Como te chamas, dize, chuva simples e leve?

Teresa? Maria?

Entra, invade a casa, molha o chão,

Molha a mesa e os livros.

Sei de onde vens, sei por onde andaste.

Vens dos subúrbios distantes, dos sítios aromáticos

Onde as mangueiras florescem, onde há cajus e mangabas,

Onde os coqueiros se aprumam nos baldes dos viveiros

e em noites de lua cheia passam rondando os maruins:

Lama viva, espírito do ar noturno do mangue.

Invade a casa, molha o chão,

Muito me agrada a tua companhia,

Porque eu te quero muito bem, doce chuva,

Quer te chames Teresa ou Maria.



(Ilustração: Zach Ladner – Brussels in the rain)




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