quinta-feira, 6 de novembro de 2025

ONDINE / ONDINA, de Aloysius Bertrand




. . . . . . . . Je croyais entendre

Une vague harmonie enchanter mon sommeil,

Et près de moi s’épandre un murmure pareil

Aux chants entrecoupés d’une voix triste et tendre.



Ch. Brugnot. — Les deux Génies.



— « Écoute ! — Écoute ! — C’est moi, c’est Ondine qui frôle de ces gouttes d’eau les losanges sonores de ta fenêtre illuminée par les mornes rayons de la lune ; et voici, en robe de moire, la dame châtelaine qui contemple à son balcon la belle nuit étoilée et le beau lac endormi.

» Chaque flot est un ondin qui nage dans le courant, chaque courant est un sentier qui serpente vers mon palais, et mon palais est bâti fluide, au fond du lac, dans le triangle du feu, de la terre et de l’air.

» Écoute ! — Écoute ! — Mon père bat l’eau coassante d’une branche d’aulne verte, et mes sœurs caressent de leurs bras d’écume les fraîches îles d’herbes, de nénuphars et de glaïeuls, ou se moquent du saule caduc et barbu qui pêche à la ligne. »

*

Sa chanson murmurée, elle me supplia de recevoir son anneau à mon doigt, pour être l’époux d’une Ondine, et de visiter avec elle son palais, pour être le roi des lacs.

Et comme je lui répondais que j’aimais une mortelle, boudeuse et dépitée, elle pleura quelques larmes, poussa un éclat de rire, et s’évanouit en giboulées qui ruisselèrent blanches le long de mes vitraux bleus.

 

Tradução de José Jeronymo Rivera :



…………………Eu pensava escutar

Uma vaga harmonia encantando meu sono,

E, junto a mim ouvia um murmurar igual

Ao canto singular de uma voz triste e terna



Ch. Brugnot: Os Dois Gênios



Escuta! Escuta! Sou eu, Ondina, que roço com gotas de água os losangos sonoros de tua janela iluminada pelos tristes raios da lua; e também, em vestes de tecido ondulado, a castelã, que contempla de sua varanda a bela noite estrelada e o belo lago adormecido.

– Cada onda é um ondino nadando na corrente, cada corrente é um caminho serpenteando rumo ao meu palácio, e meu palácio foi erguido fluido, no fundo do lago, no triângulo do fogo, da terra e do ar.

– Escuta! Escuta! Meu pai bate a água murmurante com uma vara de álamo verde, e minhas irmãs acariciam com seus braços de espuma as frescas ilhas de ervas, de nenúfares e de gladíolos, ou zombam do salgueiro caduco e barbudo que pesca com sua linha.

*

Sua canção murmurada, suplicou-me que recebesse em meu dedo seu anel, para tornar-me esposo de uma Ondina, e que visitasse com ela seu palácio, para tornar-me o rei dos lagos.

E como eu lhe respondesse que amava uma mortal, ela, amuada e com ciúmes, derramou algumas lágrimas, deu uma gargalhada e dissolveu-se entre jorros de água, que escorreram brancos ao longo de meus vitrais azuis.




(Gaspard de la Nuit: Fantasies à la manière de Rembrandt et de Callot; poemas de Aloysius Bertrand)



(Ilustração : museum artes xfig John William Waterhouse - Undine sea nymph who married Knight Adami Turns us to Adami)

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