sábado, 29 de janeiro de 2011

OS POEMAS, de Mário Quintana










Os poemas são pássaros que chegam

não se sabe de onde e pousam

no livro que lês.

Quando fechas o livro, eles alçam vôo

como de um alçapão.

Eles não têm pouso

nem porto

alimentam-se um instante em cada par de mãos

e partem.

E olhas, então, essas tuas mãos vazias,

no maravilhado espanto de saberes

que o alimento deles já estava em ti...



(Esconderijos do Tempo)

(Ilustração: Jean Metzinger – l’oiseau bleu)

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