segunda-feira, 24 de setembro de 2018

GRACIAS A LA VIDA / OBRIGADA À VIDA, de Mercedes Sosa





Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me dio dos luceros, que cuando los abro

Perfecto distingo, lo negro del blanco

Y en el alto cielo su fondo estrellado

Y en las multitudes el hombre que yo amo



Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me ha dado el sonido del abecedario

Con él las palabras que pienso y declaro

Madre amigo Hermano y luz alumbrando,

La ruta del alma del que estoy amando



Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me ha dado la marcha de mis pies cansados

Con ellos anduve ciudades y charcos

Playas y desiertos, montañas y llanos

Y la casa tuya, tu calle y tu patio



Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me dio el corazón, que agita su marco

Cuando miro el fruto, del cerebro humano

Cuando miro el bueno tan lejos del malo

Cuando miro el fondo de tus ojos claros



Gracias a la vida que me ha dado tanto

Me ha dado la risa y me ha dado el llanto

Así yo distingo dicha de quebranto

Los dos materiales, que forman mi canto

Y el canto de ustedes que es el mismo canto

Y el canto de todos que es mi propio canto

Gracias a la vida, gracias a la vida

Gracias a la vida, gracias a la vida



Tradução de Ricardo Domeneck:


Obrigada à vida que me deu tanto

Deu-me dois olhos que quando os abro

perfeito distingo o preto do branco

no alto céu seu fundo estrelado

e nas multidões o homem que eu amo.



Obrigada à vida que me deu tanto

Deu-me o ouvido que em toda sua extensão

grava noite e dia grilos e canários

martelos, turbinas, latidos, chuvaradas

e a voz tão terna do meu bem amado



Obrigada à vida que me deu tanto

Deu-me o som e o abecedário

com ele as palavras que penso e declaro

"mãe, amigo, irmão" e a luz, iluminando

o rumo da alma do que estou amando



Obrigada à vida que me deu tanto

Deu-me a marcha dos meus pés cansados

com eles andei cidades e charcos

praias e desertos, montanhas e planos

tua casa, tua rua e teu pátio.



Obrigada à vida que me deu tanto

Deu-me o coração que agita seu marco

quando olho o fruto do cérebro humano

quando olho o bom tão longe do mal

quando olho o fundo de teus olhos claros



Obrigada à vida que me deu tanto

Deu-me a risada e deu-me o pranto

assim distingo felicidade de fraqueza

os dois materiais que formam meu canto

o canto de todos que é o mesmo canto

o canto de todos que é meu próprio canto

Obrigada à vida! Obrigada à vida!




(Ilustração: foto Violeta Parra)





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