quinta-feira, 6 de setembro de 2018

PARA MI CORAZÓN BASTA TU PECHO / PARA MEU CORAÇÃO BASTA TEU PEITO, de Pablo Neruda





Para mi corazón basta tu pecho,

para tu libertad bastan mis alas.

Desde mi boca llegará hasta el cielo

lo que estaba dormido sobre tu alma.



Es en ti la ilusión de cada día.

Llegas como el rocío a las corolas.

Socavas el horizonte con tu ausencia.

Eternamente en fuga como la ola.



He dicho que cantabas en el viento

como los pinos y como los mástiles.

Como ellos eres alta y taciturna.

Y entristeces de pronto, como un viaje.



Acogedora como un viejo camino.

Te pueblan ecos y voces nostálgicas.

Yo desperté y a veces emigran y huyen

pájaros que dormían en tu alma.



Tradução de Fernando Assis Pacheco:



Para meu coração basta teu peito,

para tua liberdade as minhas asas.

Da minha boca chegará até ao céu

o que dormia sobre a tua alma.



És em ti a ilusão de cada dia.

Como o orvalho tu chegas às corolas.

Minas o horizonte com a tua ausência.

Eternamente em fuga como a onda.



Eu disse que no vento ias cantando

como os pinheiros e como os mastros.

Como eles tu és alta e taciturna.

E ficas logo triste, como uma viagem.



Acolhedora como um velho caminho.

Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.

Eu acordei e às vezes emigram e fogem

pássaros que dormiam na tua alma.



(Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada)

(Ilustração: Leonid Afremov)









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