domingo, 8 de junho de 2014

ODE ON MELANCHOLY/ ODE À MELANCOLIA, de John Keats








I.


NO, no, go not to Lethe, neither twist

Wolfs-bane, tight-rooted, for its poisonous wine;

Nor suffer thy pale forehead to be kiss’d

By nightshade, ruby grape of Proserpine;

Make not your rosary of yew-berries,

Nor let the beetle, nor the death-moth be

Your mournful Psyche, nor the downy owl

A partner in your sorrow’s mysteries;

For shade to shade will come too drowsily,

And drown the wakeful anguish of the soul.



II.



But when the melancholy fit shall fall

Sudden from heaven like a weeping cloud,

That fosters the droop-headed flowers all,

And hides the green hill in an April shroud;

Then glut thy sorrow on a morning rose,

Or on the rainbow of the salt sand-wave,

Or on the wealth of globed peonies;

Or if thy mistress some rich anger shows,

Emprison her soft hand, and let her rave,

And feed deep, deep upon her peerless eyes.




II.




She dwells with Beauty - Beauty that must die;

And Joy, whose hand is ever at his lips

Bidding adieu; and aching Pleasure nigh,

Turning to poison while the bee-mouth sips:

Ay, in the very temple of Delight 25

Veil’d Melancholy has her sovran shrine,

Though seen of none save him whose strenuous tongue

Can burst Joy’s grape against his palate fine;

His soul shall taste the sadness of her might,

And be among her cloudy trophies hung.





Poems (published 1820)





Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos:


I


Não, não vás ao Letes, nem retorças as raízes

Em feixes do acônito para forjar o vinho venenoso;

Nem deixes tua pálida fronte ser beijada

Pela beladona, uva, rubi de Prosérpina;

Não faças teu rosário com as bagas dos teixos,

Nem deixes o besouro, ou a mariposa da morte

Ser tua lúgubre Psiquê, nem a coruja de penas macias

Ser parceira dos mistérios da tua dor;

Sombra a sombra letárgica virá,

E afogará a angústia desperta da alma.



II



Mas quando o ataque da melancolia cair

Súbito do céu qual nuvem em pranto,

Que revigora as flores cabisbaixas,

E vela a verde colina na mortalha de Abril;

Farta então a dor na rosa da manhã,

Ou no arco-íris da onda salgada na areia,

Ou na abundância das peônias globulares;

Ou se tua amada demonstrar ira intensa,

Ata-lhe a mão suave, e a deixa delirar,

E nutra-te fundo, fundo nos teus olhos ímpares.



III



Ela mora com a beleza - Beleza que fenecerá;

E com a alegria, cuja mão nos lábios sempre

Se despede; junto ao doloroso prazer,

Virando veneno enquanto a boca-abelha sorve.

Sim, e no próprio templo do deleite

A velada melancolia tem seu santuário supremo,

Embora apenas o vislumbre aquele cuja língua audaz

Estala no céu da boca a uva da alegria;

Sua alma provará a tristeza de teu poder,

E penderá em meio a seus nebulosos troféus.






(Ilustração: Jacques-Louis David - Cupidon et Psyché)







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