quarta-feira, 7 de novembro de 2012

ACROBATA DA DOR, de Cruz e Souza







           Gargalha, ri, num riso de tormenta,
           como um palhaço, que desengonçado,
           nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
           de uma ironia e de uma dor violenta.

           Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
           agita os guizos, e convulsionado
           salta, gavroche, salta clown, varado
           pelo estertor dessa agonia lenta...

           Pedem-te bis e um bis não se despreza!
           Vamos! retesa os músculos, retesa
           nessas macabras piruetas d'aço...

           E embora caias sobre o chão, fremente,
           afogado em teu sangue estuoso e quente,
           Ri! Coração, tristíssimo palhaço.


           (Broquéis)


(Ilustração: Bernard Buffet - clown)


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