quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

QUANDO SE TEM AMOR, de Eliana Iglesias






Tinha-lhe tanta obediência
Talvez fosse por medo ou,
preguiça?
Respeitava sua voz e mãos firmes
no desequilíbrio dos meus ossos frágeis
e já convencida para todo o sempre
que ele seria meu guia e senhor.
Embora não fosse pai
e nem amante
e eu, tão somente a ovelha resistente
quando todo o rebanho debandou
atenta a seus passos claudicantes
à sua respiração já ofegante.
Escondendo o viço dos meus anos
nas dobras da saia e quietude
e por princípio
não tomar-lhe a dianteira
para que ele se alegrasse enfim
com a liderança de dias que se foram
e que ele ainda imaginava ter.




(Ilustração: Daumier – wandering saltimbanques)




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