domingo, 12 de dezembro de 2010

PASSAGEM POR PASÁRGADA, de Giselda Penteado Di Guglielmo







Quando passei por Pasárgada
não encontrei coisa alguma
e senti um grande tédio
porque as coisas bonitas
estavam longe de mim
e os fatos corriqueiros
que destroem reputações
estavam no meu caminho
não me deixando passar.

Quando passei por Pasárgada
naquela noite fagueira
não encontrei bananeira
nem pé de jabuticaba,
não havia flor morena
a enfeitar a paisagem
nem música seiscentista
a encantar meus sentidos
e me levar ao delírio.

Quando passei por Pasárgada
naquela noite estrelada
me senti mais poderosa
por prescindir da cidade,
que existiu no passado
por obra de Ciro o Antigo
nos montes do sul da Pérsia
e impressionou o poeta,
mas não tocou minha essência

Quando passei por Pasárgada
desejei voltar pra mim.


(Ilustração: Sílvio Pequeno - Pasárgada)

Nenhum comentário:

Postar um comentário