sábado, 4 de dezembro de 2010

FATALISMO, de Manuela Amaral








Amo o que em ti há de trágico. De mau.

De sublime. Amo o crime escondido no teu andar.

A tua forma de olhar. O teu riso fingido

e cristalino.

Amo o veneno dos teus beijos. O teu hálito pagão.

A tua mão insegura

na mentira dos teus gestos.

Amo o teu corpo de maçã madura.

Amo o silêncio perpendicular do teu contato

A fúria incontrolável da maré

nas ondas vaginais do teu orgasmo.

E esta tua ausência

Este não-ser que é.




(Amor no feminino)


(Ilustração: Andrew Wyeth – lovers)

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