sexta-feira, 5 de março de 2010

O LAGO, de Narcisa Amália









Calmo, fundo, translúcido, amplo, o lago

longe, trêmulo, trêmulo, morria.

No seu límpido espelho a ramaria,

curva, de um bosque punha sombra e afago.


Terra e céu, ondulando, eram na fria

tela fundidos! O queixume vago

que a água modula, de ambos parecia,

solto, ululante, intérmino, pressago!


- "Trecho vulgar de sítio abstruso e agreste"

talvez; mas todo o encanto que o reveste

sentisses; contemplasses-lhe a beleza;


comigo ouvisses-lhe a mudez, que fala,

e sorverias no frescor que o embala

todo o alento vital da Natureza!


(Ilustração: Georges Seurat - Bathing at Asnières)



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