E os silêncios sobrepuseram-se uns aos outros, o do homem à pedra,
O da pedra ao cão, o de nossos três personagens
Ao leitor.
Eles sentiam-se um pouco sufocados pelo enorme volume das palavras que não eram ditas;
Havia, porém, nesse procedimento uma força insuspeita. Sim, eles pereceberam que poderiam
Simplesmente calar-se, e que o narrador – um espectador pobre de tantos diferentes eventos –
Acabaria por fartar-se em descrever um homem, uma pedra e um cão entreolhando-se
Numa absoluta ausência de sons, que se aproximava bastante
De uma reverência profunda e mútua.
Sim, surgiu entre eles algo semelhante a um elo, uma aliança, uma simbiose.
Eram três entes: um homem, uma pedra e um cão.
Mas tal silêncio emanava das entranhas desta pedra mesma – entre o silêncio e a pedra
Havia somente a distância de uma metáfora.
(Ilustração: Rafal Olblinski – conversation controle)
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