domingo, 13 de dezembro de 2009

VARIAÇÃO, de Hermes Fontes







Pois que tudo acabou, mando-te agora

os passaportes dessa despedida:

puna pálida rosa ressequida,

uma sombra de flor, murcha c inodora.



E o teu retrato que se descolora como

se descolora a minha vida,

vestida de anjo, a receber na ermida

tua primeira comunhão outrora.



Mando-te as cartas e os cabelos; mando

uma luva, de que essa mão foi alma,

quando. . . e dizer que já nem eu sei quando!



Mando-te. E manda-me, afinal te digo,

manda-me o eterno sono, a eterna calma,

manda-me o coração que está contigo!


(Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou)



(Ilustração: Pierre Bonnard - the garden)


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