sábado, 15 de julho de 2023

SOY / SOU, de Gloria Young

 



Soy recinto

de todas las palabras colgadas en el viento

de la luz que atraviesa mi curva cordillera

de la canción del sueño

del mar con sus espumas

del alma desbocada al filo de una estrella

soy

voz que no se esconde

que explora sus tejidos

que aúlla en el misterio de todos sus silencios

que murmura a la vida

que acecha en la vigília

que da vuelo a la risa venciendo la nostalgia.



Soy agua

de Ia lluvia

del mar

de la tormenta

y busco los tesoros

y lavo

Ias memorias



soy mujer

de este siglo

escalando esperanzas

cabalgando corceles

de amor y de ternura

abriéndome los poros

al olor de las frutas

soltándome el cabello

surcando la dulzura

aquí

en la penumbra

de la

puesta del sol.





Tradução de Antonio Miranda:



Sou o recinto

de todas as palavras penduradas no vento

da luz que atravessa minha curva cordilheira

da canção do sonho

do mar com suas espumas

da alma escancarada no fio de uma estrela



Sou

voz que não se esconde

que explora seus tecidos

que ulula no mistério de todos os silêncios

que murmura à vida

que espreita na vigília

que dá vez ao sorriso vencendo a saudade.



Sou água

de chuva

do mar

da tormenta

e busco os tesouros

lavo

as memórias



sou mulher

deste século

escalando esperanças

cavalgando corcéis

de amor e de ternura

abrindo os poros

ao perfume das frutas

soltando os cabelos

sulcando a doçura

aqui

na penumbra

deste

pôr-do-sol.



(Mujer, Prensa y Poesia, 1993)



(Ilustração:Frida Kahlo - Self Portrait with Bonito)

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