domingo, 16 de abril de 2023

DESDÉM, de Eliana Iglesias

 




Tinha na boca o gosto do desejo

O corpo inquieto, obra do diabo

Fazia sexo sem o menor pejo

Envolvimento algum levava a cabo



Alardeava sua liberdade

Satirizando os apaixonados

Assim criou a própria identidade

Sem se importar em ter alguém ao lado



Passa-se o tempo e tantas certezas

Agora meras bolhas de sabão

Não mais asseguram-lhe a beleza



Vai pela noite em louca procura

Esvai-se o poder de sedução

Hoje, na boca, o gosto da amargura



(Ilustração: Kupka - La Môme à Gallien – 1910)


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