terça-feira, 2 de agosto de 2022

EDUCAÇÃO SEXUAL, de Walter Falceta

 




Vêm da cama até o varal,

Nuas as duas tais pessoas,

Suas vestes ao vendaval,

Lavadas ao frio das garoas.



Dos diferentes e dos iguais,

Nus, franca sensualidade,

Despudores pelos varais,

O gozo na reciprocidade.



A infração como consenso,

Calcinhas, cuecas no varal,

Reich, afrodisíaco dissenso,

Curvas, o encaixe natural.



Libido que vale é respeito,

Dois ou +, todos anuentes,

A vontade do outro é limite,

Para na boca, coxa, peito,

Se Quasímodo ou Afrodite,

Se jasmins ou serpentes.



A ousadia ousa e alterna,

Lóbulos, barriga da perna,

O religare pela matéria,

A devassidão combinada,

Largas vontades e artérias.



Então, retorna-se ao varal,

Onde se excita a memória,

Como dizia Hegel seminal,

Amor é dialética e glória,

Abandonar-se em empatia,

Ávidos gineceu e androceu,

Trocados em quem se fia,

Se era um, já se esqueceu.



Os varais de toda a cidade,

Exibem lúbricos segredos,

Ocultos pela pior sociedade,

Varais varam o céu diverso,

Validam afetos em verso,

Recusam tabus e medos,

Ensinam ao vento da tarde,

Que sexo bom é socialista,

É tesão comum que arde,

Faz todo mundo ser artista.



(Ilustração: Piet Mondrian - Broadway boogie woogie - 1942)



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