sexta-feira, 3 de setembro de 2021

DAS GEDICHT VOM STEPPENWOLF / LOBO DA ESTEPE, de Hermann Hesse

 




Ich Steppenwolf trabe und trabe,

Die Welt liegt voll Schnee,

Vom Birkenbaum flügelt der Rabe,

Aber nirgends ein Hase, nirgends ein Reh!

In die Rehe bin ich so verliebt,

Wenn ich doch eins fände!

Ich nähm's in die Zähne, in die Hände,

Das ist das Schönste, was es gibt.

Ich wäre der Holden so von Herzen gut,

Fräße mich tief in ihre zärtlichen Keulen,

Tränke mich satt an ihrem hellroten Blut,

Um nachher die ganze Nacht einsam zu heulen.

Sogar mit einem Hasen war ich zufrieden,

Süß schmeckt sein warmes Fleisch in der Nacht -

Ach, ist denn alles von mir geschieden,

Was das Leben ein bißchen fröhlicher macht?

An meinem Schwanz ist das Haar schon grau,

Auch kann ich nicht mehr ganz deutlich sehen,

Schon vor Jahren starb meine liebe Frau.

Und nun trab ich und träume von Rehen,

Trabe und träume von Hasen,

Höre den Wind in der Winternacht blasen,

Tränke mit Schnee meine brennende Kehle,

Trage dem Teufel zu meine arme Seele



Tradução de Geir Campos:



Lobo da estepe, vou eu trotando, trotando.

O mundo cobre-se todo de neve.

De uma bétula, sai voando um corvo;

mas em nenhum lugar se vê uma lebre,

não se vê uma gazela.

Com as gazelas sou tão delicado,

ah, se uma aparecesse!

Tomá-la-ia nas garras, nos dentes:

não há coisa mais linda.

Aos mansos, mostro o meu bom coração:

em seus tenros pernis enterraria suavemente os dentes,

e o sangue claro cu iria sorvendo até mais não poder,

para ficar depois a noite inteira uivando em solidão.

Uma lebre já me contentaria:

mornas carnes de gosto doce à noite.

— Mas será que de mim se esconde tudo

que torna a vida um pouco mais bonita?

Em minha cauda o pelo já branqueia

e eu já não tenho a vista tão certeira;

faz anos que morreu-me a companheira.

Agora vou eu trotando e sonhando com gazelas,

vou eu trotando e sonhando com lebres,

ouvindo o vento a zunir na noite de inverno;

engulo neve, a ver se a goela me acalma,

e vou seguindo com o diabo na alma.



(Andares – Antologia Poética)


(Ilustração: Marianne von Werefkin -1860–1938)




Nenhum comentário:

Postar um comentário