quinta-feira, 9 de setembro de 2021

LE PONT MIRABEAU / A PONTE MIRABEAU, de Guillaume Apollinaire

 



Sous le pont Mirabeau coule la Seine

Et nos amours

Faut-il qu’il m’em souvienne

La joie venait toujours après la peine



Vienne la nuit sonne l’heure

Les jours s’en vont je demeure



Les mains dans les mains restons face à face

Tandis que sous

Le pont de nos bras passe

Des éternels regards l’onde si lasse



Vienne la nuit sonne l’heure

Les jours s’en vont je demeure



L’amour s’en va comme cette eau courante

L’amour s’en va

Comme la vie est lente

Et comme l’Espérance est violente



Vienne la nuit sonne l’heure

Les jours s’en vont je demeure



Passent les jours et passent les semaines

Ni temps passé

Ni les amours reviennet

Sous le pont Mirabeau coule la Seine



Vienne la nuit sonne l’heure

Les jours s’en vont je demeure



Tradução de Cláudio Veiga:



Na ponte Mirabeau se vai o Sena

E o nosso amor

Por que trazê-lo à cena

A alegria nos vem depois da pena



A noite venha sem demora

Eu fico e o tempo vai embora



De mãos dadas fiquemos face a face

Enquanto sob

A ponte deste abraço

Dos eternos olhares a onda passa



A noite venha sem demora

Eu fico e o tempo vai embora



O amor se vai como a água da corrente

O amor se vai

Mas como a vida é lenta

Como a Esperança em nós é violenta



A noite venha sem demora

Eu fico e o tempo vai embora



(Antologia da Poesia Francesa — Do Século IX ao Século XX)



Tradução de Paulo Hecker Filho:



Sob a ponte Mirabeau corre o Sena

E os amores

De que não me esqueço

A alegria sempre antes da pena



Chega a noite fim começo

Vão-se os dias permaneço



Fiquemos de mãos dadas face a face

Enquanto sobre a ponte

De nossos braços passe

Dos olhares a já quase extinta fonte



Chega a noite fim começo

Vão-se os dias permaneço



Foge o amor como a água se ausenta

Foge o amor

Como a vida é lenta

E como a esperança é violenta



Chega a noite fim começo

Vão-se os dias permaneço



Passam os dias e as semanas passam

A vida aliena

Os amores se embaçam

Sob a ponte Mirabeau corre o Sena

Chega a noite fim começo

Vão-se os dias permaneço



Tradução de José Jeronymo Rivera:



Sob a ponte Mirabeau corre o Sena

E o nosso amor

Ela a lembrar me ordena

Vinha sempre a alegria após a pena



Vem a noite a hora soou

Vão-se os dias eu não vou



Mãos entre as mãos quedemos face a face

Ao tempo em que

Dos braços sob o enlace

A onda cansada das miradas passe



Vem a noite a hora soou

Vão-se os dias eu não vou

O amor se vai como esta água cinzenta

O amor se vai

Oh como a vida é lenta

E como a Esperança é violenta



Vem a noite a hora soou

Vão-se os dias eu não vou



Passa do tempo a sucessão serena

E nem a dor

Nem o amor volta à cena

Sob a ponte Mirabeau passa o Sena



Vem a noite a hora soou

Vão-se os dias eu não vou



(Poesia Francesa — Pequena Antologia Bilíngue)



Tradução de Décio Pignatari:



Escorre sob a ponte o rio Sena

E em nossos amores

A lembrança me acena

Vinha sempre o prazer depois da pena



Que venha a noite e soe a hora

Os dias se vão não vou embora



Mãos nas mãos esperemos face a face

Até que sob a ponte

Dos nossos braços passe

O eterno desse olhar em nosso enlace



Que venha a noite e soe a hora

Os dias se vão não vou embora



O amor se vai como água turbulenta

Assim o amor se vai

E como a vida é lenta

E como esta Esperança é violenta



Que venha a noite e soe a hora

Os dias se vão não vou embora



Os dias passam passam as semanas

Não voltam o passado

Nem as paixões humanas

E o Sena flui em águas soberanas



Que venha a noite e soe a hora

Os dias se vão não vou embora



Os dias passam passam mas que pena

Passado amor

Nenhuma volta acena

Na ponte Mirabeau se vai o Sena

A noite venha sem demora

Eu fico e o tempo vai embora



(31 Poetas 214 poemas — do Rigveda e Safo a Apollinaire)



(Ilustração: Yves Guillard - Le pont Mirabeau)




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