terça-feira, 18 de maio de 2021

A PELE E O VENTO, de Nálu Nogueira

 



Quando a madrugada vem

e o Vento sopra

a pele em poesia desabrocha

dizendo nua os versos de

arrepios.

 

E se o Vento sopra sussurrante

como uma brisa morna estremecendo

os pelos

a Pele, que é poesia,

mergulha em desvarios

e canta para a lua seus versos

de delírios

e espera suplicante o toque

redentor.

 

(até que o vento, em sopros

de amor

se deita sobre a Pele

e suas mãos segura.)

 

então a Pele, agora em loucura

sente os cabelos longos do Vento

lhe fazerem cócegas; ouve os

sussurros do Vento em suas costas

sente sobre si o peso do desejo

 

e cândida, rende-se;

lânguida, deita-se;

ávida, molha-se;

 

sente nas costas o peso

do Vento

e treme;

agita-se;

inunda-se;

e sonha;

 

tem dentro de si o corpo

do Vento

e tranca-se;

e move-se;

e geme;

e goza

(grávida, imensa, grata, plena);

 

quando a madrugada vem

e o Vento sopra

a Pele em poesia desabrocha

e a vida inteira fica

diferente.

 

(Ilustração: Gerda Wegener - Capture d’écran)



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