terça-feira, 16 de março de 2021

NO BANHO, de Adolfo Caminha



Ninfas do bosque, Náiades formosas,

Sátiros, Faunos, vinde vê-la agora,

Nua, no banho, esta ideal senhora,

Que em beleza e frescura excede as rosas.



Vinde todos depressa!… Ei-la que cora,

Ei-la que solta as tranças graciosas

Sobre as espáduas níveas, capitosas…

Ei-la que treme à loura luz da aurora…



Tinge-se o céu de cores purpurinas,

O sol desponta; as tímidas boninas

Mostram à luz os cálices dourados.



Vede-as, Ninfas, agora: os nacarados

Lábios, os seios túmidos, nevados,

Segredam coisas ideais, divinas.



(Ilustração: Edgar Degas, 1885: After the Bath, study)

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