segunda-feira, 3 de junho de 2019

СЖАЛА РУКИ ПОД ТЁМНОЙ ВУАЛЬЮ… / TORCIA AS MÃOS SOB O XALE ESCURO… / TORCI OS DEDOS SOB A MANTA ESCURA…, de Anna Akhmátova







Сжала руки под тёмной вуалью…

“Отчего ты сегодня бледна?”

– Оттого, что я терпкой печалью

Напоила его допьяна.



Как забуду? Он вышел, шатаясь,

Искривился мучительно рот…

Я сбежала, перил не касаясь,

Я бежала за ним до ворот.



Задыхаясь, я крикнула: “Шутка

Всё, что было. Уйдешь, я умру.”

Улыбнулся спокойно и жутко

И сказал мне: “Не стой на ветру”



Tradução de André Nogueira:

Torcia as mãos sob o xale escuro…

“Por que hoje estás tão pálida?”

– Fui dar a ele de beber minha amargura

Até deixá-lo embriagado.



Como esquecer? Ele saiu, cambaleando,

Nos lábios uma horrenda contorção…

Desci correndo, sem pegar no corrimão,

E no portão segurei ele pela manga.



Sufocada, eu gritei: “O que se deu

Foi brincadeira. Se tu fores, não aguento.”

Ele então com toda calma respondeu

E com frieza: “Não te exponhas tanto ao vento”.




Tradução de Augusto de Campos:


Torci os dedos sob a manta escura…

“Por que tão pálida?” ele indaga.

– Porque eu o fiz beber tanta amargura

Que o deixei bêbado de mágoa



Como esquecer? Ele saiu sem reação,

A boca retorcida, em agonia…

Desci correndo, sem tocar no corrimão,

E o encontrei no portão, quando saía.



“É tudo brincadeira, por favor,

Não parta, eu morro se você se for.

E ele, com um sorriso frio, isento,

Me disse apenas: “Não fique ao relento”



(1911)



(Анна Ахматова, Poesia da recusa)



(Ilustração: Nicoletta Tomas Caravia)





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