quinta-feira, 27 de junho de 2019

SEHNSUCHT NACH DEM TODE / DESEJANDO A MORTE, de Novalis






Hinunter in der Erde Schooß,

Weg aus des Lichtes Reichen,

Der Schmerzen Wuth und wilder Stoß

Ist froher Abfahrt Zeichen.

Wir kommen in dem engen Kahn

Geschwind am Himmelsufer an.

Gelobt sey uns die ewge Nacht,

Gelobt der ewge Schlummer.

Wohl hat der Tag uns warm gemacht,

Und welk der lange Kummer.

Die Lust der Fremde ging uns aus,

Zum Vater wollen wir nach Haus.

Was sollen wir auf dieser Welt

Mit unsrer Lieb' und Treue.

Das Alte wird hintangestellt,

Was soll uns dann das Neue.

O! einsam steht und tiefbetrübt,

Wer heiß und fromm die Vorzeit liebt.

Die Vorzeit wo die Sinne licht

In hohen Flammen brannten,

Des Vaters Hand und Angesicht

Die Menschen noch erkannten.

Und hohen Sinns, einfältiglich

Noch mancher seinem Urbild glich.

Die Vorzeit, wo noch blüthenreich

Uralte Stämme prangten,

Und Kinder für das Himmelreich

nach Quaal und Tod verlangten.

Und wenn auch Lust und Leben sprach,

Doch manches Herz für Liebe brach.

Die Vorzeit, wo in Jugendglut

Gott selbst sich kundgegeben

Und frühem Tod in Liebesmuth

Geweiht sein süßes Leben.

Und Angst und Schmerz nicht von sich trieb,

Damit er uns nur theuer blieb.

Mit banger Sehnsucht sehn wir sie

In dunkle Nacht gehüllet,

In dieser Zeitlichkeit wird nie

Der heiße Durst gestillet.

Wir müssen nach der Heymath gehn,

Um diese heilge Zeit zu sehn.

Was hält noch unsre Rückkehr auf,

Die Liebsten ruhn schon lange.

Ihr Grab schließt unsern Lebenslauf,

Nun wird uns weh und bange.

Zu suchen haben wir nichts mehr -

Das Herz ist satt - die Welt ist leer.

Unendlich und geheimnißvoll

Durchströmt uns süßer Schauer -

Mir däucht, aus tiefen Fernen scholl

Ein Echo unsrer Trauer.

Die Lieben sehnen sich wohl auch

Und sandten uns der Sehnsucht Hauch.

Hinunter zu der süßen Braut,

Zu Jesus, dem Geliebten -

Getrost, die Abenddämmrung graut

Den Liebenden, Betrübten.

Ein Traum bricht unsre Banden los

Und senkt uns in des Vaters Schooß.



Tradução de Orlando Ferreira:

No seio da terra!

Fora dos domínios da Luz!

As dores da Morte nada mais são

Que a partida, romper-se de grilhões!

Rapidamente, num barco esguio,

Rapidamente navegamos para a costa do Céu!

Bendita seja a Noite eterna,

E bendito o Sono sem fim!

Somos abrasados pelo dia luminoso,

E ressecados pelo tédio!

Estamos cansados da vida que dura:

Venha, agora iremos para casa, para Deus!

Para que permanecer neste mundo sublunar?

Para que nutrir o amor e a verdade aqui?

Se o que é antigo está muito além -

Para nós o novo deve perecer!

Aquele que ama o passado com piedade ardente

Está sozinho, amargurado, em exílio.

Porém, como o espírito humano, o passado

Elevou-se em chamas sublimes;

Onde os homens herdaram do Pai,

O dom de reconhecer sua face;

E, em simplicidade perfeita

Muitos tornaram-se seu arquétipo.

O Passado em rica florescência, no qual

Antigos troncos geraram o fruto glorioso;

E as crianças em busca do mundo futuro,

Buscaram a vitória sobre a dor e a morte;

E, apesar da vida e do prazer fenecerem,

Muitos corações partiram-se de amor.

O Passado no qual o próprio Deus possuiu

O vigor da juventude;

E enfrentou a morte prematura, por amor à verdade

Que os jovens contemplaram, e ousaram -

Enfrentar com paciência a angústia e a tortura

Para provar que o amavam.

Agora vemos com inquietação ansiosa

Aquele passado envolto em trevas;

Com a água deste mundo

Nunca poderemos matar nossa sede:

Precisamos retornar à nossa antiga morada

E conhecer aquele tempo abençoado de novo.

E o que impediria nosso retorno?

Já que repousam aqueles que amamos!



Sua sepultura é o limite de nossas vidas;

Nós recusamos com repugnância esta época odiosa!

Não somos enganados por nenhuma esperança:

O coração está pleno; o mundo vácuo!

Infinito e misterioso,

Vibra em mim um doce tremor,

Como se na distância ecoasse

Um sinal, semelhante ao nosso lamento:

Os amados esperam, assim como eu,

Enviam seu suspiro de saudade.

Abaixo, para a noite amorosa, e mais além

Para o amado Jesus!

Coragem! as sombras do entardecer tornam-se em cinzas,

Assim como nossos planos, e nos acalmam!

Um sonho romperá nossos grilhões,

E nos abrigará no coração do Pai.





(Hymnen an die Nacht / Hinos à noite - 1799/1800)



(Ilustração: Gustav René Hocke - deutsches réquiem)



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