terça-feira, 8 de novembro de 2016

FLOR MARINHA, de Augusto de Lima







Há nos seus ademanes curvilíneos,

A doce languidez da vaga esquiva.

Seus olhos são dois fúlgidos escrínios

De gemas com que o afeto nos cativa.



Flor das espumas, dos corais sanguíneos,

Nenhum tem de seus lábios a cor viva.

Quanto aos cabelos, meu amor define-os:

"Fios de ébano em onda fugitiva".



Não sou homem do mar, contudo afago

Na alma um doido capricho, um sonho vago,

Um vago sonho singular talvez:



É de um dia, na praia, surpreendê-la,

E unir minha sorte à sorte dela,

Sobre o dorso espumante das marés.





(Ilustração: Camilo Lucarini - nu na praia)




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