segunda-feira, 26 de outubro de 2015

VIOLONCELO, de Camilo Pessanha









Chorai arcadas

Do violoncelo!

Convulsionadas,

Pontes aladas

De pesadelo...




De que esvoaçam,

Brancos, os arcos...

Por baixo passam,

Se despedaçam,

No rio, os barcos.




Fundas, soluçam

Caudais de choro...

Que ruínas, (ouçam)!

Se se debruçam,

Que sorvedouro!...




Trêmulos astros,

Soidões lacustres...

— Lemes e mastros...

E os alabastros

Dos balaústres!




Urnas quebradas!

Blocos de gelo...

— Chorai arcadas,

Despedaçadas,

Do violoncelo.






(Clepsidra - 1922)






(Ilustração: Catherine Abel - woman with cello)



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