sexta-feira, 2 de setembro de 2011

RENÚNCIA, de Manuel Bandeira









Chora de manso e no íntimo... Procura

Curtir sem queixa o mal que te crucia:

O mundo é sem piedade e até riria

Da tua inconsolável amargura.


Só a dor enobrece e é grande e é pura.

Aprende a amá-la que a amarás um dia.

Então ela será tua alegria,

E será, ela só, tua ventura...


A vida é vã como a sombra que passa...

Sofre sereno e dalma sobranceira,

Sem um grito sequer, tua desgraça.


Encerra em ti tua tristeza inteira.

E pede humildemente a Deus que a faça

Tua doce e constante companheira...



(Ilustração: John Everett Millais – the blind girl)



Um comentário:

  1. Adoro Manuel Bandeira, e não conhecia este poema. Obrigada por tê-lo me apresentado!

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