segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ELEGIA ÍNTIMA, de Ivan Junqueira








Minha mãe chorando no fundo da noite
rachou o silêncio do quarto adormecido.
Meu pai olhava o escuro e não dizia nada,
Um relógio preto gotejava barulho.

Lá fora o vento lambia as espáduas do céu.

Minha mãe chorando no fundo da noite
Apunhalou o sono de Deus.



(Os Mortos)


(Ilustração: Zinaida Serebryakova)



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