sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

DUAS ALMAS, de Alceu Wamosy






Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada,

Entra, e, sob este teto encontrarás carinho:

Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,

Vives sozinha sempre, e nunca foste amada...




A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,

E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,

Entra, ao menos até que as curvas do caminho

Se banhem no esplendor nascente da alvorada.




E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,

Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,

Podes partir de novo, ó nômade formosa!




Já não serei tão só, nem irás tão sozinha.

Há de ficar comigo uma saudade tua...

Hás de levar contigo uma saudade minha...





(Ilustração: Henri Gervex - Rolla)

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