quinta-feira, 21 de maio de 2009
PAISAGEM MINEIRA, de Augusto de Lima
Plenilúnio de maio em montanhas de Minas.
Canta, ao longe, uma flauta e um violoncelo chora.
Perfuma-se o luar nas flores das campinas,
subtiliza-se o aroma em languidez sonora.
Ao doce encantamento azul das cavatinas,
nessas noites de luz mais belas que a aurora,
as errantes visões das almas peregrinas,
vão evocando o cantar pela amplidão afora.
E chora o violoncelo e a flauta, ao longe, canta.
Das montanhas, cantando, a névoa se levanta,
banhada de luar, de sonhos, de harmonia.
Com profano rumor, porém, desponta o dia,
e na última porção da névoa transparente,
a flauta e o violoncelo expiram lentamente.
(Ilustração: Portinari - namorados)
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