sábado, 18 de outubro de 2025

LA CANCIÓN DEL PIRATA / A CANÇÃO DO PIRATA, de José de Espronceda

  


Con diez cañones por banda,

viento en popa, a toda vela,

no corta el mar, sino vuela

un velero bergantín.



Bajel pirata que llaman,

por su bravura, El Temido,

en todo mar conocido

del uno al otro confín.



La luna en el mar riela

en la lona gime el viento,

y alza en blando movimiento

olas de plata y azul;



y va el capitán pirata,

cantando alegre en la popa,

Asia a un lado, al otro Europa,

y allá a su frente Istambul:



"Navega, velero mío

sin temor,

que ni enemigo navío

ni tormenta, ni bonanza

tu rumbo a torcer alcanza,

ni a sujetar tu valor.



Veinte presas

hemos hecho

a despecho

del inglés

y han rendido

sus pendones

cien naciones

a mis pies.



Que es mi barco mi tesoro,

que es mi dios la libertad,

mi ley, la fuerza y el viento,

mi única patria, la mar.



Allá; muevan feroz guerra

ciegos reyes

por un palmo más de tierra;

que yo aquí; tengo por mío

cuanto abarca el mar bravío,

a quien nadie impuso leyes.

Y no hay playa,

sea cualquiera,

ni bandera

de esplendor,

que no sienta

mi derecho

y dé pecho

mi valor.



Que es mi barco mi tesoro,

que es mi dios la libertad,

mi ley, la fuerza y el viento,

mi única patria, la mar.



A la voz de "¡barco viene!"

es de ver

cómo vira y se previene

a todo trapo a escapar;

que yo soy el rey del mar,

y mi furia es de temer.



En las presas

yo divido

lo cogido

por igual;

sólo quiero

por riqueza

la belleza

sin rival.



Que es mi barco mi tesoro,

que es mi dios la libertad,

mi ley, la fuerza y el viento,

mi única patria, la mar.



¡Sentenciado estoy a muerte!

Yo me río

no me abandone la suerte,

y al mismo que me condena,

colgaré de alguna antena,

quizá; en su propio navío

Y si caigo,

¿qué es la vida?

Por perdida

ya la di,

cuando el yugo

del esclavo,

como un bravo,

sacudí.



Que es mi barco mi tesoro,

que es mi dios la libertad,

mi ley, la fuerza y el viento,

mi única patria, la mar.



Son mi música mejor, aquilones,

el estrépito y temblor

de los cables sacudidos,

del negro mar los bramidos

y el rugir de mis cañones.



Y del trueno

al son violento,

y del viento

al rebramar,

yo me duermo

sosegado,

arrullado

por el mar.



Que es mi barco mi tesoro,

que es mi dios la libertad,

mi ley, la fuerza y el viento,

mi única patria, la mar.



Tradução de José da Silva Mendes Leal:



Com doze canhões por banda,

Vento em popa, a todo pano

Voa, não corre, no oceano

Um veleiro bergantim;

Baixel pirata, que chamam

Por seus feitos "O Temido",

Em todo o mar conhecido

De Marselha a Bombaim.



Treme a lua sobre as águas;

Nos rinzes suspira o vendo,

E ergue em brndo movimento

Orlas de prata e de azul.

Ei-lo, o capitão pirata,

Que vai cantando na popa,

Ásia a um bordo, a outro a Europa.

E pela proa Estambul.



"Voga, meu barco, navega

"Sem temor;

"Nem forte nau na refrega,

"Nem procela, ou calmaria

"Do teu rumo te desvia,

Ou sujeita o teu valor.



"Vinte presas

"Tenho feito

"Em despeito

"Té do inglês:

"E abateram

"Pendões vários

"Cem contrários

"A meus pés.



"O meu barco é meu tesouro,

"A liberdade o meu Deus,

"É-me o pego única pátria,

"Lei a força, o vento e os céus!



"Além movem feroz guerra

"Cegos reis

"Por mais um palmo de terra;

"Que eu aqui tenho por meu

"Quanto avisto em mar e céu,

"A quem nada vem dar leis.

"Nem bandeira

"Sobranceira

"Nem bandeira

"De esplendor,

"Que não ceda

"De repente,

"E me alente

"Meu valor.



"O meu barco é meu tesouro,

"A liberdade o meu Deus,

"E-me o pego única pátria,

"Lei a força, o vento, e os céus!



"A voz: — "D´avante uma vela!

"É de ver

"Como tudo se acautela

"Panos cheios a escapar;

"Que eu sou déspota do mar,

"Minha fúria é de temer.

"Nos despojos

"O escolhido

"Eu divido

"Por igual,

"E só guardo

"Dessa presa

"A beleza

"Sem rival.



"O meu barco é meu tesouro,

"A liberdade o meu Deus,

"É-me o pego única pátria,

"Lei a força, o vento e os céus.



"Condenado estou à morte!

"Disso rio.

"Se não me abandona a sorte

"O mesmo que me condena

"Penderá de alguma antena

"Talvez no próprio navio.

"Sucumbindo

"Que é a vida?

"Já perdida

"Não a vi,

"Quando o jugo

"Vil de escravo

"Como um bravo

"Sacudi?



"O meu barco é meu tesouro,

"A liberdade o meu Deus,

"É-me o pego única pátria,

"Lei a força, o vento e os céus!



"São a minha orquestra melhor

"Aquilões

Mas o horríssono tremor

"Desses cabos sacudidos;

"E das vagas os bramidos,

"E o rugir dos meus canhões.

"Quando o raio

"Cruza aos centos



"Eu, dos ventos

"Ao troar,

"Adormeço

"Sossegado,

"Embalado,

"Pelo mar!



"O meu barco é meu tesouro,

"A liberdade o meu Deus,

"É-me o pego única pátria,

"Lei a força, o vento e os céus!





(Obras primas da poesia universal, 1955)



(Ilustração: Howard Pyle - Capitain Scarfield)

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