sábado, 30 de novembro de 2024

CHROMO RUSTICO, de Antonio Tavernard [*]

 


Para a alma delicada e affectuosa da IACY


No terreiro da fazenda

em noite sem viração...

A lua fazendo renda

sobre a areia... Solidão...

Apenas, lá num recanto,

elle de linho alvejando,

ella de cassa e chitão,

arrulhavam cochichando,

a Rita e o Sebastião.



Dizia elle em quebranto:

—"Qondo nos dois se ajuntá,

meu amô, amô primêro,

a gente vae se aninhá

nas terras de Zé Lôrêro,

num ranchinho de sapê,

Lá fora, muito coquêro...

Lá dentro, eu e vancê...



Ella ajuntava, faceira,

em voz baixa, quasi extinta:

— "Dispois, nos dois e um fiinho,

todos tres agarradinho

que nem pétala de frô:



Tres pessoa bem distincta,

mas Cuma só verdadeira...

E a verdadeira é o amô..



Final: a lua escondida

com vergonha de espiar...

—"Meu pecado!" — "Mea vida!..."



E o resto eu não sei contar.



[*] Manteve-se a ortografia original.



(A Semana nº 667, 23.5.1931)



(Ilustração: Almeida Júnior - paisagem do interior)

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