terça-feira, 6 de março de 2018
MEDITATION 17, MEDITAÇÃO 17, de John Donne
Nunc Lento Sonitu Dicunt, Morieris
Perchance, he for whom this bell tolls may be so ill, as that he knows not it tolls for him; and perchance I may think myself so much better than I am, as that they who are about me, and see my state, may have caused it to toll for me, and I know not that. The church is catholic, universal, so are all her actions; all that she does belongs to all. When she baptizes a child, that action concerns me; for that child is thereby connected to that body which is my head too, and ingrafted into that body whereof I am a member. And when she buries a man, that action concerns me: all mankind is of one author, and is one volume; when one man dies, one chapter is not torn out of the book, but translated into a better language; and every chapter must be so translated; God employs several translators; some pieces are translated by age, some by sickness, some by war, some by justice; but God's hand is in every translation, and his hand shall bind up all our scattered leaves again for that library where every book shall lie open to one another. As therefore the bell that rings to a sermon calls not upon the preacher only, but upon the congregation to come, so this bell calls us all; but how much more me, who am brought so near the door by this sickness.
There was a contention as far as a suit (in which both piety and dignity, religion and estimation, were mingled), which of the religious orders should ring to prayers first in the morning; and it was determined, that they should ring first that rose earliest. If we understand aright the dignity of this bell that tolls for our evening prayer, we would be glad to make it ours by rising early, in that application, that it might be ours as well as his, whose indeed it is.
The bell doth toll for him that thinks it doth; and though it intermit again, yet from that minute that this occasion wrought upon him, he is united to God. Who casts not up his eye to the sun when it rises? But who takes off his eye from a comet, when that breaks out? Who bends not his ear to any bell, which upon any occasion rings? But who can remove it from that bell, which is passing a piece of himself out of this world?
No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main; if a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if a manor of thy friend's or of thine own were; any man's death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee.
Neither can we call this a begging of misery, or a borrowing of misery, as though we were not miserable enough of ourselves, but must fetch in more from the next house, in taking upon us the misery of our neighbours. Truly it were an excusable covetousness if we did, for affliction is a treasure, and scarce any man hath enough of it. No man hath affliction enough that is not matured and ripened by it, and made fit for God by that affliction. If a man carry treasure in bullion, or in a wedge of gold, and have none coined into current money, his treasure will not defray him as he travels. Tribulation is treasure in the nature of it, but it is not current money in the use of it, except we get nearer and nearer our home, heaven, by it. Another man may be sick too, and sick to death, and this affliction may lie in his bowels, as gold in a mine, and be of no use to him; but this bell, that tells me of his affliction, digs out and applies that gold to me: if by this consideration of another's danger I take mine own into contemplation, and so secure myself, by making my recourse to my God, who is our only security.
Tradução de Wagner Mourão Brasil:
Agora com vagar os sinos dizem: morrerás
Talvez aquele para quem os sinos dobram esteja tão mal que nem saiba que dobram por ele. E talvez eu possa pensar que esteja tão melhor do que estou, que aqueles que estão ao meu lado, e veem o meu estado, tenham feito com que os sinos dobrem por mim, sem que eu o saiba. A igreja é católica, universal, assim como todas as suas ações; tudo o que pratica pertence a todos. Quando ela batiza uma criança, sua ação diz respeito a mim; pois aquela criança é desde aquele momento conectada àquela cabeça que também é a minha, e enxertada naquele corpo, do qual sou um membro. E quando a igreja sepulta um homem, sua ação diz respeito a mim; toda a humanidade é obra de um só autor, e está contida em um só volume; quando um homem morre, um capítulo não é arrancado do livro, mas traduzido em um idioma melhor; e cada capítulo deve assim ser traduzido; Deus utiliza diversos tradutores; algumas partes são traduzidas de acordo com a idade, algumas com a doença, algumas com a guerra, algumas com a justiça; mas a mão de Deus está em cada tradução, e sua mão abarcará de novo todas as nossas folhas dispersadas, destinando-as à biblioteca onde cada livro permanecerá aberto, um para o outro; consequentemente, o sino que dobra durante um sermão convoca não apenas a presença do pregador, mas a de toda a congregação; sendo assim, esse sino nos convoca a todos: muito mais a mim, que estou tão próximo da porta, por estar doente.
Houve uma disputa que se transformou em petição (na qual foram misturados a piedade e a dignidade, a religião e o apreço) para que se decidisse sobre qual das ordens religiosas deveria tocar os sinos de manhã, chamando os fiéis; e foi decidido que o tocaria primeiro aquela cujos membros despertassem mais cedo. Se compreendêssemos corretamente a dignidade desse sino que dobra para a nossa oração do entardecer, ficaríamos contentes se, a esse respeito, fizéssemos nossa a dignidade de acordarmos cedo, pois ela seria tanto nossa quanto da ordem que toca o sino primeiro, a quem verdadeiramente pertence.
O sino dobra de fato por aquele que pensa que ele o faz por ele; e embora ele repique de novo, desde o minuto em que lhe fira os ouvidos, ele está unido a Deus. Quem não levanta os olhos para o Sol quando ele se levanta? Mas quem desvia os olhos de um cometa, quando ele surge? Quem não presta atenção a todo sino que dobra em qualquer ocasião? Mas quem pode retirar isto daquele sino, que está transferindo parte de si mesmo para fora deste mundo?
Nenhum homem é uma ilha, contida em si mesma; todo homem é uma parte do continente, uma parte do principal: se um torrão é levado pelo oceano, a Europa diminui, como se promontório o torrão fosse, assim como se ele fosse o solar de teu amigo ou pertencesse a ti; cada morte de um homem torna-me menor, pois sou toda a humanidade. Portanto, jamais procure saber por quem o sino dobra; ele dobra por ti.
Nem podemos chamar a isso de pedido de miséria, nem de empréstimo de miséria, como se não fôssemos nós mesmos bastante miseráveis, e precisássemos ir buscar mais miséria na próxima casa, reclamando para nós a miséria de nossos vizinhos. Na verdade, isso seria de uma cupidez indesculpável, se o fizéssemos, pois a aflição é um tesouro, e da escassez todo homem tem o que lhe basta. Nenhum homem tem aflição suficiente que não possa com ela amadurecer e adquirir maturidade, além de se ajustar à aflição, com a ajuda de Deus. Se um homem carrega seu tesouro em lingotes ou cunhas de ouro, e não moedas, seu tesouro de nada lhe valerá em sua viagem. As tribulações são tesouros por sua própria natureza, mas não são moeda corrente, exceto se nos aproximamos mais e mais do nosso lar, o paraíso. Outro homem pode estar doente também, à beira da morte, e sua aflição pode estar localizada em seus intestinos, como o ouro em uma mina, e ser inútil para ele; mas esse sino, que me diz da sua aflição, escava e desenterra seu ouro para mim: se por minha consideração pelo perigo que outro corre eu contemplar o meu, seguro de mim mesmo eu recorro ao meu Deus, que é a nossa única segurança.
(Devotions upon Emergent Occasions ; 1624)
(Ilustração: Bells at the sunset - Greece - autor não identificado)
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