quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

OS DESTINOS URBANOS, de Bueno de Rivera








O tráfego é previamente fixado

e todos os sensatos vivem o seu minuto.



Onde está o louco para um discurso

sobre os acontecimentos futuros?



Ah! se pudesses, dormirias

sob as árvores da praça, sem cuidados,

te banharias em público, comerias

o teu pão na calçada...



Vives no tempo dos relógios. Os teus passos

são contados, tuas horas são rações

minguadas na fome de ser livre.

E impaciente esperas numa esquina

um mágico que te indique

a porta, te mostre a claridade e ordene a fuga!



Onde estão os mágicos?

Dormem.

E o louco dos comícios?

Morto.

Morto o pássaro, o lírio extinto,

calado o mar,

o coração do homem pulsa

sob as pedras.




(Os melhores poemas de Bueno de Rivera)



(Ilustração: Zdzisław Beksiński)








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