terça-feira, 25 de dezembro de 2012

VELETA / CATA-VENTO, de Federico García Lorca








Viento del Sur,

moreno, ardiente,

llegas sobre mi carne,

trayéndome semilla

de brillantes

miradas, empapado

de azahares.

Pones roja la luna

y sollozantes

los álamos cautivos, pero vienes

¡demasiado tarde!

¡Ya he enrollado la noche de mi cuento

en el estante!



Sin ningún viento,

¡hazme caso!,

gira, corazón;

gira, corazón.



Aire del Norte,

¡oso blanco del viento!

Llegas sobre mi carne

tembloroso de auroras

boreales,

con tu capa de espectros

capitanes,

y riyéndonte a gritos

del Dante.

¡Oh pulidor de estrellas!

Pero vienes

demasiado tarde.

Mi almario está musgoso

y he perdido la llave.



Sin ningún viento,

¡hazme caso!,

gira, corazón;

gira, corazón.



Brisas, gnomos y vientos

de ninguna parte.

Mosquitos de la rosa

de pétalos pirámides.

Alisios destetados

entre los rudos árboles,

flautas en la tormenta,

¡dejadme!

Tiene recias cadenas

mi recuerdo,

y está cautiva el ave

que dibuja con trinos

la tarde.

Las cosas que se van no vuelven nunca,

todo el mundo lo sabe,

y entre el claro gentío de los vientos

es inútil quejarse.

¿Verdad, chopo, maestro de la brisa?

¡Es inútil quejarse!



Sin ningún viento,

¡hazme caso!,

gira, corazón;

gira, corazón.


Tradução de William Angel de Mello:




Vento do Sul,

moreno, ardente,

que passas sobre minha carne

trazendo-me semente

de brilhantes

olhares, empapado

de flores de laranjeira.

Tornas vermelha a lua

e soluçantes

os álamos cativos, mas vens

demasiado tarde!

Já enrolei a noite de meu conto

na estante!



Sem nenhum vento,

acredita em mim!,

gira, coração;

gira, coração.



Ar do norte,

urso branco do vento!

Que passas sobre minha carne

tremente de auroras

boreais,

com tua capa de espectros

capitães,

e rindo estrepitosamente

do Dante.

Oh! polidor de estrelas!

Mas vens

demasiado tarde.

Meu armário está musgoso

e perdi a chave.



Sem nenhum vento,

acredita em mim!,

gira, coração;

gira, coração.



Brisas, gnomos e ventos

de nenhuma parte.

Mosquitos da rosa

de pétalas pirâmides.

Alísios destetados

entre as rudes árvores,

flautas na tormenta,

deixai-me!

Tem fortes cadeias

minha recordação,

e está cativa a ave

que desenha com trinos

a tarde.

As coisas que vão não voltam nunca,

todo o mundo sabe disso,

e entre o claro gentio dos ventos

é inútil queixar-se.

Não é verdade, choupo, mestre da brisa?

É inútil queixar-se!



Sem nenhum vento,

acredita em mim!

gira, coração;

gira, coração.


(Obra Poética Completa)



(Ilustração: Kay Sage - I saw tree cities)



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