terça-feira, 20 de abril de 2010

A MORTE DE ARQUIMEDES DE SIRACUSA, de Antônio Cícero






Os equilíbrios dos planos, as quadraturas

das parábolas, os cálculos da areia,

das esferas, dos cilindros e das estrelas:

nada do que realizei se encontra à altura

do que há por fazer. A matemática é longa,

a vida breve; e logo agora Siracusa,

sitiada, quer alavancas, catapultas,

dispositivos catóptricos, cuja obra

suga meu sangue, que é meu tempo. Por milagre,

hoje deixaram-me em paz. Na garganta trago

intuições por formular: áspero e amargo

pássaro engasgado. Nas paredes não cabe

mais diagrama algum. Traço-os no chão do períbolo,

na terra. Quem vem lá? Não pises nos meus círculos!



(Ilustração: Archimedes death – mosaico antigo)




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