segunda-feira, 9 de novembro de 2009

UM HOMEM EXTRAORDINÁRIO, de Raimundo Veras







Como pai de um menino de cérebro lesado, compreendi há muito tempo que a criança não pode permitir-se o luxo de “esperar para ver”. Foi somente depois de submetido a um programa de terapia que ZeCarlos começou a desenvolver-se. Trata-se de estabelecer metas e traçar um plano para alcançá-las.

Acredito na fixação de metas e acho importante que sejam adequadas as metas que fixarmos para nós mesmos e para nossos filhos.


Construir e manter alojamentos para abrigar essas crianças não parece meta adequada. Isso não demonstrou ser vantajoso.



A mim se me afigura adequada a meta do pessoal dos Institutos para o Desenvolvimento do Potencial Humano: fazer de cada criança um ser humano completo e funcionante – curá-la.



“Em um mundo que julgava impossível esta meta”, diz Glenn Doman, “não é de admirar que às vezes nós falhemos. De admirar é que sejamos bem sucedidos com crescente regularidade”.



A dar ouvidos às críticas que antigamente se faziam aos Institutos, facilmente se poderia imaginar um laboratório de cientistas malucos escondido atrás de muros de pedra e bem guardada ponte levadiça. “Existe” um muro de pedra na entrada dos Institutos, mas não há nenhuma ponte levadiça nem portão de aço. As portas estão abertas para os visitantes e raro é o dia em que não se mostram suas instalações para diversas pessoas interessadas.



Alguns críticos chamam Glenn Doman de filósofo exaltado. Está visto que tais pessoas jamais conheceram Glenn Doman, porque se o conhecessem não diriam isso. Glenn é um dos homens mais razoáveis que conheci em toda a minha vida. Se os críticos querem dizer que ele é tenaz e resoluto, tenho de concordar.



Dizem pessoas mal informadas que os Institutos não têm pessoal médico qualificado. Basta examinar as qualificações de Robert Doman, doutor em medicina, Evan W. Thomas, doutor em medicina, Edward B. LeWinn, doutor em medicina, e Roselise Wilkinson, doutora em medicina, para se convencer de que isso não é verdade.


Tal asserção refere-se amiúde ao fato de ser fisioterapeuta e não médico o diretor dos Institutos, Glenn Doman. Isto é verdade. Mas Robert J. Doman, irmão de Glenn, é doutor em medicina e exerce as funções de diretor-médico dos Institutos.


Sustentam alguns que o carisma de Glenn enfeitiça os pais ao ponto de induzi-los a intentar a hercúlea empreitada de reabilitar os próprios filhos (como se fora melhor que ele fosse um ameno cavalheiro que falasse em voz monótona).

Asseveram outros que Glenn é fanático e intransigente em seus esforços para curar as crianças lesadas. Efetivamente é fanático e incapaz de transigir por nada menos que a cura das crianças de cérebro lesado.


Ao mundo profissional parece pouco importar que os inovadores tenham razão ou não, contanto que não prejudiquem os interesses da classe. Aos olhos dos profissionais, cometeu Doman um pecado imperdoável. Em vez de submeter papelório aos sacrossantos Conselhos de Educação, ofereceu suas conclusões às mães. Pecado deveras imperdoável!



A menos que você tenha testemunhado, como eu, as agressões nada profissionais da parte de profissionais, às escâncaras ou à socapa, contra um homem cujo único propósito é melhorar a vida das crianças, não acreditará que se tenham cometido tais insânias. Para mim, foi como se estivesse vendo Galileu perante a Inquisição ou presenciando as sagas de Semmelweis e Pasteur. A única coisa que parecia sustentar Glenn através dessas provocações e infundir-lhe renovada coragem era a convicção de que estava certo.


Ao recapitular a biografia desse homem, custa-me acreditar que, com seu prestigioso passado e suas credenciais, pudessem suas inovações provocar reações tão apaixonadas e tanta animosidade profissional.


(O Mongolismo – Tratamento da Criança de Cérebro Lesado)


(Ilustração: Glenn Doman, foto da internet, sem indicação de autoria)




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