ser-te-ei infiel por uma noite
ficas longe e o corpo vibra ainda
chama por outro corpo chama viva
e não por ti amor
nem outro amor
e porque não chamar amor
aos nossos corpos
apenas e supostos todavia
amor que não se cala
grita ou morre
ouve outro amor
não és paixão nem usufruto
consegue ver em mim somente amor
e ficaremos quites
ouve amor
ouve outro amor
o amor reparte-se e divide-se
como a luz ou o dia que se extingue
nada te dou ou tiro nada ofereço
aquilo que não tenhas não é teu
aquilo que não sejas não tem preço
(Poesia Quase Toda, 2005)
(Ilustração: Teresa Balté - sem título, 1986)

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