sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

DA FIDELIDADE, de Teresa Balté





ouve amor

ser-te-ei infiel por uma noite

ficas longe e o corpo vibra ainda

chama por outro corpo chama viva

e não por ti amor

nem outro amor



e porque não chamar amor

aos nossos corpos

apenas e supostos todavia

amor que não se cala

grita ou morre



ouve outro amor

não és paixão nem usufruto

consegue ver em mim somente amor

e ficaremos quites



ouve amor

ouve outro amor

o amor reparte-se e divide-se

como a luz ou o dia que se extingue

nada te dou ou tiro nada ofereço

aquilo que não tenhas não é teu

aquilo que não sejas não tem preço



(Poesia Quase Toda, 2005)



(Ilustração: Teresa Balté - sem título, 1986)

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