domingo, 16 de fevereiro de 2025
BELZEBUTH / BELZEBUTH, de Teresa Wilms Montt
Mi alma, celeste columna de humo, se eleva hacia
la bóveda azul.
Levantados en imploración mis brazos, forman la puerta
de alabastro de un templo.
Mis ojos extáticos, fijos en el misterio, son dos lámparas
de zafiro en cuyo fondo arde el amor divino.
Una sombra pasa eclipsando mi oración, es una sombra
de oro empenachado de llamas alocadas.
Sombra hermosa que sonríe oblicua, acariciando los sedosos
bucles de larga cabellera luminosa.
Es una sombra que mira con un mirar de abismo,
en cuyo borde se abren flores rojas de pecado.
Se llama Belzebuth, me lo ha susurrado en la cavidad
de la oreja, produciéndome calor y frío.
Se han helado mis labios.
Mi corazón se ha vuelto rojo de rubí y un ardor de fragua
me quema el pecho.
Belzebuth. Ha pasado Belzebuth, desviando mi oración
azul hacia la negrura aterciopelada de su alma rebelde.
Los pilares de mis brazos se han vuelto humanos, pierden
su forma vertical, extendiéndose con temblores de pasión.
Las lámparas de mis ojos destellan fulgores verdes encendidos
de amor, culpables y queriendo ofrecerse a Dios; siguen
ansiosos la sombra de oro envuelta en el torbellino refulgente
de fuego eterno.
Belzebuth, arcángel del mal, por qué turbar el alma
que se torna a Dios, el alma que había olvidado las fantásticas
bellezas del pecado original.
Belzebuth, mi novio, mi perdición...
Tradução de Sandra Santos:
A minha alma, celeste coluna de fumo, eleva-se até
à abóbada azul.
Levantados, implorando, os meus braços, formam a porta
de alabastro de um templo.
Os meus olhos extáticos, fixos no mistério, são duas lâmpadas
de safira em cujo fundo arde o amor divino.
Uma sombra passa eclipsando a minha oração, é uma sombra
de ouro ornado de chamas impetuosas.
Sombra formosa que sorri oblíqua, acariciando os sedosos
caracóis dos enormes cabelos luminosos.
É uma sombra que observa com um olhar de abismo,
em cuja margem se abrem as flores rubras de pecado.
Chama-se Belzebuth, sussurrou-mo na cavidade
da orelha, produzindo-me calor e frio.
Gelaram-me os lábios.
O meu coração converteu-se rubro de rubi e um ardor de frágua
me queima o peito.
Belzebuth. Passou Belzebuth, desviando a minha oração
azul até à negrura delicada da sua alma rebelde.
Os pilares de meus braços converteram-se humanos, perdem
a sua forma vertical, estendendo-se com tremores de paixão.
As lâmpadas de meus olhos reluzem fulgores verdes acesos
de amor, culpados e devotos a Deus; seguem
ansiosos a sombra de ouro envolta no torvelinho refulgente
de fogo eterno.
Belzebuth, arcanjo do mal, porquê turvar a alma
que se volta para Deus, a alma que havia esquecido as fantásticas
belezas do pecado original.
Belzebuth, o meu noivo, a minha perdição…
(Ilustração: William Blake: Paradise Lost - The Temptation andFall of Eve)
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