domingo, 5 de janeiro de 2025

THE SECRET IN THE CAT / O SEGREDO NO GATO, de May Swenson





I took my cat apart

to see what made him purr.

Like an electric clock

or like the snore



of a warming kettle,

something fizzed and sizzled in him.

Was he a soft car,

the engine bubbling sound?



Was there a wire beneath his fur,

or humming throttle?

I undid his throat.

Within was no stir.



I opened his chest

as though it were a door:

no whisk or rattle there.

I lifted off his skull:



no hiss or murmur.

I halved his little belly

but found no gear,

no cause for static.



So I replaced his lid,

laced his little gut.

His heart into his vest I slid

and buttoned up his throat.



His tail rose to a rod

and beckoned to the air.

Some voltage made him vibrate

warmer than before.



Whiskers and a tail:

perhaps they caught

some radar code

emitted as a pip, a dot-and-dash



of woolen sound.

My cat a kind of tuning fork? –

amplifier? – telegraph? –

doing secret signal work?



His eyes elliptic tubes:

there’s a message in his stare.

I stroke him

but cannot find the dial.



Tradução de J. A. Rodrigues:



Desmontei o meu gato

para ver o que o fazia ronronar.

Como um relógio elétrico

ou como o ronco



de uma chaleira aquecida,

algo nele zumbia e chiava.

Era um carro macio,

com o som do motor a borbulhar?



Havia uma linha elétrica sob seu pelo,

ou o zumbido do acelerador?

Descerrei-lhe a garganta.

Dentro não havia agitação.



Abri o seu peito

como se uma porta fosse:

nenhum estalido ou guizo lá.

Despeguei-lhe o crânio:



sem silvos nem murmúrios.

Cortei ao meio seu pequeno ventre,

mas não topei com mecanismo algum,

nenhuma causa para a estática.



Então lhe repus a cachola,

entrancei-lhe o diminuto intestino.

Seu coração no torso eu assentei

e voltei a confinar sua garganta.



Sua cauda empinou feito um tirante,

e fez acenos ao ar.

Alguma voltagem o fez vibrar

mais aquecido do que antes.



Os bigodes e a cauda

talvez tenham capturado

algum código de radar

emitido como um sinal, um ponto e traço



de um som lanoso.

Meu gato é uma espécie de diapasão? –

amplificador? – telégrafo? –

prestando serviço de sinal secreto?



Seus olhos são tubos elípticos:

há uma mensagem em seu olhar.

Eu o acaricio,

mas não consigo dar com o sintonizador.





(100 plus american poems)



(Ilustração: Geoffrey Tristram - Luna1)

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