sábado, 9 de dezembro de 2023

LA GRAMÁTICA DE MARCEAU / A GRAMÁTICA DE MARCEAU, de Leonel Alvarado


que sua gramática le viene de Rodin

dice Marcel Marceau. en um gesto

imperceptible demuestra que el mimo

es la escultura que se echa a andar

a la primera palavba de Dios, sus gestos

 

son el eco de la voz de un dios que habla dormido

y que solo los mudos pueden entender.

así debió ser como los dioses se entendiam

em la Gran Nada. de esa forma de mover

el dedo en el aire apareció la tierra, el diluvio

de una lágrima y de um bosetzo de Bip los huracanes.

 

el mimo alarga el brazo para tocar los pensamientos

de Dios antes de que se conviertan em varón y hembra

pero em la oscuridad las cosas son más frágiles y la mano

derriba las lámpadas que alumbram la inteligência divina

como el enfermo que busca el vaso de agua em la mesita de noche.

 

antes del amanecer la hembra ya se piensa en la costilla

de Marcel y en esa herida que nunca cicatriza

el mimo pierde y gana el Paraíso.

 

Tradução de Adriana Lisboa:

 

sua gramática vem de Rodin

diz Marcel Marceau. em um gesto

imperceptível demonstra que o mímico

é a escultura que se põe a andar

ante a primeira palavra de Deus, seus gestos

 

são o eco da voz de um deus que fala dormindo

e que só os mudos podem entender.

devia ser assim que os deuses se entendiam

no Grande Nada. dessa forma de mover

o dedo no ar apareceu a terra, o dilúvio

de uma lágrima e de um bocejo de Bip os furacões.

 

o mímico estica o braço para tocar os pensamentos

de Deus antes que se transformem em homem e mulher

mas na escuridão as coisas são mais frágeis e a mão

derruba as lâmpadas que iluminam a inteligência divina

como o doente que procura o copo d’água na mesa de cabeceira.

 

antes do amanhecer a mulher já se pensa na costela

de Marcel e nessa ferida que nunca cicatriza

o mímico perde e ganha o Paraíso.

 


(Ilustração: foto de Martha Swope: Marcel Marceau na Broadway, 1983)

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