segunda-feira, 4 de setembro de 2023

EVEN / ATÉ MESMO, de Anne Morrow Lindbergh

 





Him that I love I wish to be

Free:



Free as the bare top twigs of tree,

Pushed up out of the fight

Of branches, struggling for the light,

Clear of the darkening pall,

Where shadows fall –

Open to the golden eye

Of sky;



Free as a gull

Alone upon a single shaft of air,

Invisible there,

Where

No man can touch,

No shout can reach,

Meet

No stare;



Free as a spear

Of grass,

Lost in the green

Anonymity

Of a thousand seen

Piercing, row on row,

The crust of earth,

With mirth,

Through to the blue,

Sharing the sun

Although

Circled, each one,

In his cool sphere

Of dew.



Him that I love, I wish to be

Free –

Even from me.





Tradução de Thereza Christina Rocque da Motta:





Aquele que amo, desejo que seja

livre:



Livre como um ramo despido

no alto de uma árvore,

alheio à luta entre os galhos

que se agitam em busca da luz.

Livre da escura mortalha,

onde tombam as sombras –

voltado para o olho dourado

do céu.



Livre como a gaivota,

sozinha num sopro de ar,

invisível,

onde

ninguém poderá tocá-la,

nenhuma voz alcançá-la,

ninguém vir

surpreendê-la.



Livre como uma folha

de grama,

em meio ao verde,

anônima,

entre inúmeras iguais,

que se espicham, se alinham,

recobrindo a terra,

felizes,

apontando o azul,

repartindo o sol,

envoltas,

ainda, uma a uma,

em frescas gotas

de orvalho.



Aquele que amo, desejo que seja

livre –

até mesmo de mim.



(O Unicórnio e outros poemas, 2015)



(Ilustração: Suzanne Valadon - Joy of Life, 1911)

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