sábado, 23 de março de 2019

LA MORT D’UNE LIBELLULE / A MORTE DE UMA LIBÉLULA, de Anatole France








Um jour que voyais ces sveltes demoiselles,

Comme nous les nommons, orgueil des calmes eaux,

Réjouissant l’air pur de l’éclat de leurs ailes,

Se fuir e se chercer par-dessous les roseaux,



Um enfant, l’oeil en feu, vint jusque dans la vase,

Pousser son filet vert, à travers les iris,

Sur une libellule; et le réseau de gaze

Emprisonna le vol de l’insecte surprise.



Le fin corsage vert fut percé d’une épingle;

Mais la frêle blessée, en un farouche effort

Se fit jour, et, prenant ce vol strident qui cingle,

Emporta vers les joncs son épingle e sa mort.



Il n’eût pas convenu que, sur une liève infame,

As beauté s’étalât aux yeux des écoliers:

Elle ouvrit pour mourir ses quatre ailes de flamme

Et son corps se sécha dans les joncs familiers.



Tradução de Cunha e Silva Filho:



Certa vez, vi essas esbeltas mocinhas,

Como as chamamos, orgulho das águas calmas,

Deliciando-se no ar puro do brilho de suas asas

Evadirem-se e se procurarem por sobre os caniços.



Uma criança, o olho afogueado, veio até ao vaso,

E, através dos íris uma rede verde, estender

Sobre uma libélula e a rede de gaze

Impedir do inseto surpreendido o voo.



Foi, por um alfinete espetado, o fino corpinho verde;

Porém, a frágil criatura ferida, com um enorme esforço,

Alento recobrou e, alçando voo, estridente singrou,

Em direção aos juncos, levando o alfinete e a morte.



Sobre uma cortiça infame, não lhe convinha,

Aos olhos dos escolares, a beleza exibir:

Abriu, então, pra morrer, as quatro asas de chama

E, nos juncos familiares, o corpo secou.



(Ilustração: Nathalie Penet – libellule)




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