terça-feira, 11 de dezembro de 2018

POEMA DEITADO, de Dheyne de Souza





Estes versos seguem tua respiração

tropeçada

Abotoa teu cheiro nas pregas da minha carne vesga

cai em meus seios

Teus suores pingam meus

múltiplos arpejos trêmulos

afagos leigos

Teu corpo líquido entre nossas bacias

lençóis crispados

Meus dedos correndo tua

pele labareda em

naufrágio teus poros

pintados a carvão tuas

chamas adentro Poema

deitado no perfil dos

meus olhos vapores

cercados traçados

dispersos imensidões de

desejo teu rosto um

orvalho um sonho em ato

em meus dedos.

Eu sonho com teus beijos faiscando meus

pulsos E corro os olhos pelas valas de um

tempo exangue e penetro com tanta

violência teu olhar que cacos banham teu

ombro enquanto meus dedos forjam tuas

dores e o medo de amor titubeia.

Reproduzo tantas vezes teus olhos que

já não sei qual deles pousam meu corpo

nino o desejo por todos, e o calor destes

versos quebrados em teu gozo.



(Pequenos mundos caóticos)



(Ilustração: Daniel Blot - Le soir)







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