domingo, 22 de julho de 2018

CISNES, de Júlio Mário Salusse


     





A vida, manso lago azul algumas

Vezes, algumas vezes mar fremente,

Tem sido para nós constantemente

Um lago azul, sem ondas sem espumas!



Sobre ele, quando, desfazendo as brumas

Matinais, rompe um sol vermelho e quente,

Nós dois vagamos indolentemente,

Como dois cisnes de alvacentas plumas!



Um dia um cisne morrerá, por certo:

Quando chegar esse momento incerto,

No lago, onde talvez a agua se tisne,



Que o cisne vivo, cheio de saudade,

Nunca mais cante, nem sozinho nade,

Nem nade nunca ao lado de outro cisne...




(Ilustração: Jan Weenix - Cygne mort et paon, 1708)




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