Marquise, si mon visage
A quelques traits un peu vieux,
Souvenez-vous qu’à mon âge
Vous ne vaudrez guère mieux
Le temps aux plus belles choses
Se plaît à faire un affront,
Et saura faner vos roses
Comme il a ridé mon front.
Le même cours des planètes
Règle nos jours et nos nuits
On m’a vu ce que vous êtes;
Vous serez ce que je suis.
Cependant j’ai quelques charmes
Qui sont assez éclatants
Pour n’avoir pas trop d’alarmes
De ces ravages du temps.
Vous en avez qu’on adore;
Mais ceux que vous méprisez
Pourraient bien durer encore
Quand ceux-là seront usés.
Ils pourront sauver la gloire
Des yeux qui me semblent doux,
Et dans mille ans faire croire
Ce qu’il me plaira de vous.
Chez cette race nouvelle,
Où j’aurai quelque crédit,
Vous ne passerez pour belle
Qu’autant que je l’aurai dit.
Pensez-y, belle marquise.
Quoiqu’un grison fasse effroi,
Il vaut bien qu’on le courtise
Quand il est fait comme moi.
Tradução de Fabio Malavoglia:
Marquesa, se meu semblante
exibe traços um tanto idosos,
lembrai que a vós não se garante
Em idade igual, melhores gozos.
O tempo às coisas mais formosas
apraz secar as belas fontes
fenecerá as vossas rosas
como riscou a minha fronte.
É o mesmo círculo de sóis
que regra os dias no seu voo
Eu já me vi tal qual vós sois
E vós sereis tal como sou.
Possuo porém certos talentos
aqui assentes e evidentes
para não ser mais tão atento
ao fim do tempo e seus poentes.
Tendes os vossos e há quem adora;
mas esses meus que desprezais
podem durar além da hora
que usado aqueles, não tenhais mais.
Pois poderão salvar a glória
Do olhar que a mim surgia doce
E dar mil anos à memória
Do que em vós prazer me fosse.
Eu junto a tal raça futura
serei quem sabe creditado
E assim da vossa formosura
só se dirá o por mim cantado.
Nisso pensai, marquesa bela:
Quem mechas cinzas um dia temeu
melhor faria se a corte dela
Cedesse enfim a um como eu.
(Ilustração: Roberto Ferri)
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