quinta-feira, 23 de junho de 2016
A CATEDRAL, de Alphonsus de Guimaraens
Entre brumas ao longe surge
a aurora,
O hialino orvalho aos poucos
se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu
sonho
Aparece na paz do céu
risonho
Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres
responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre
Alphonsus!"
O astro glorioso segue a
eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila
em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu
sonho,
Onde os meus olhos tão
cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres
responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre
Alphonsus!"
Por entre lírios e lilases
desce
A tarde esquiva: amargurada
prece
Poe-se a luz a rezar.
A catedral ebúrnea do meu
sonho
Aparece na paz do céu
tristonho
Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres
responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre
Alphonsus!"
O céu é todo trevas: o vento
uiva.
Do relâmpago a cabeleira
ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu
sonho
Afunda-se no caos do céu
medonho
Como um astro que já morreu.
E o sino chora em lúgubres
responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
(Ilustração: John
Constable - Salisbury Cathedral from the Bishop's Garden)
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