quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

UM HOMME ET UNE FEMME ABSOLUTMENT BLANCS / UM HOMEM E UMA MULHER ABSOLUTAMENTE BRANCOS, de André Breton







Tout au fond de l'ombrelle je vois les prostituées merveilleuses

Leur robe un peu passée du côté du réverbère couleur des bois

Elles promènent avec elles un grand morceau de papier mural

Comme on ne peut en contempler sans serrement de coeur aux anciens étages d'une maison en démolition

Ou encore une coquille de marbre blanc tombée d'une cheminée

Ou encore un filet de ces chaînes qui derrière elles se brouillent dans les miroirs

Le grand instinct de la combustion s'empare des rues où elles se tiennent

Comme des fleurs grillées

Les yeux au loin soulevant un vent de pierre

Tandis qu'elles s'abîment' immobiles au centre du tourbillon

Rien n'égale pour moi le sens de leur pensée inappliquée

La fraîcheur du ruisseau dans lequel leurs bottines trempent l'ombre de leur bec

La réalité de ces poignées de foin coupé dans lesquelles elles disparaissent

je vois leurs seins qui mettent une pointe de soleil dans la nuit profonde

Et dont le temps de s'abaisser et de s'élever est la seule mesure exacte de la vie

je vois leurs seins qui sont des étoiles sur des vagues

Leurs seins dans lesquels pleure à jamais l'invisible lait bleu




Tradução de Antônio Ramos Rosa:


Lá no fundo do guarda-sol vejo as prostitutas maravilhosas

Com trajes um pouco antiquados do lado da lanterna cor dos bosques

Levam a passear consigo um grande pedaço de papel estampado

Esse papel que não se pode ver sem que o coração se nos aperte nos andares altos de uma casa em demolição

Ou uma concha de mármore branco caída no caminho

Ou um colar dessas argolas que se confundem atrás delas nos espelhos

O grande instinto da combustão conquista as ruas onde elas caminham

Direitas como flores queimadas

Com os olhos na distância levantando um vento de pedra

Enquanto imóveis se abismam no centro da voragem

Nada se iguala para mim ao sentido do seu pensamento desligado

A frescura do regato onde os sapatinhos delas banham a sombra dos seus bicos

A realidade daqueles molhos de feno cortado onde desaparecem

Vejo os seus seios que abrem uma nesga de sol na noite profunda

E que se abaixam e se elevam a um ritmo que é a única exata medida da vida

Vejo os seus seios que são estrelas sobre as ondas

Seios onde chove para sempre o invisível leite azul





(Le Revolver à cheveux blancs)


(Ilustração: Jaroslaw Kukowski - the little mairmaid happy ending)







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