segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

QUANDO AS MANHÃS ACABARAM, de Natércia Freire







Corram depressa as cortinas

E não se importem que eu fique

entontecida no escuro,

Deixem que eu me abrace a mim,

Já que fujo ao que procuro...

Fechem todas as janelas

e calem todas as falas,

(Estou sozinha com as estrelas,

vou prendê-las e guardá-las.)


Não me roubem a tristeza

de não viver a alegria

das manhãs e dos regatos.

(- Meus abraços de algum dia! –

Estou sozinha com os retratos.)


Corram depressa as cortinas

e não segredem, de longe,

as palavras pequeninas.


Fechem todas as janelas

e tapem todas as frinchas

para que eu não perca as estrelas.


Porque eu só tenho os meus braços

para me enrolar na agonia...

Quero mais à noite funda

que a mentira deste dia.


E não se importem que eu fique

endoidecida no escuro

Deixem que eu me abrace a mim,

já que fujo ao que procuro!



(Horizonte Fechado)


(Ilustração: Adam Miller)

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