terça-feira, 20 de maio de 2025

LA PHILOSOPHIE / A FILOSOFIA, de Sully Prudhomme

 


Cette femme qui, triste, en soi-même descend,

Debout, le front penché, c’est la Philosophie.

Solitaire, dans l’ombre elle entre, et se confie,

La main sur la poitrine, à l’appui qu’elle y sent.



La terre, les saisons, l’azur resplendissant,

Toutes les voluptés trompeuses de la vie,

Les choses qu’on peut voir, ne lui font point envie,

Elle réclame et cherche un éternel absent.



Vierge auguste, je t’aime et je connais ta peine.

En approchant de toi, je retiens mon haleine,

Pour que nul souffle humain ne trouble ton labeur,



Car j’attends de ta bouche à se taire obstinée

Le mot que je désire et dont pourtant j’ai peur,

Le mot de ma naissance et de ma destinée.



Tradução de Antônio Sales:



Uma triste mulher, que em si mesma, silente,

Se abisma, em pé, curvada – eis a Filosofia.

Solitária, na sombra entra, e ali se confia

Aos impulsos da fé que em seu íntimo sente.



A terra, as estações, o azul resplandecente,

A volúpia falaz que da vida irradia,

Tudo o que o nosso olhar percebe, a deixa fria:

Ela reclama e busca um sempiterno ausente.



Virgem augusta, eu te amo e o teu pesar compreendo;

De ti me aproximando, o meu hálito prendo,

Para não perturbar o teu labor divino,



Porque de tua boca eu espero o segredo

Que desejo saber e de que tenho medo:

– Minha origem qual é e qual é meu destino?





(O Soneto, ensaio de Cruz Filho, 1961)



(Ilustração: Rodin - o pensador na porta do inferno)

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